Algumas pessoas, ao acordar, conseguem escrever os sonhos que tiveram. A verdade é que na maior parte das vezes, não nos lembramos dos sonhos que tivemos durante a noite, a não ser que tenhamos acordado com pesadelos durante a noite.

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O que é o sonho ?

A melhor definição pode ser encontrada na Wikipédia, que passamos a transcrever:

O sonho é uma experiência que possui significados distintos se for ampliado um debate que envolva religião, ciência e cultura. Para a ciência, é uma experiência de imaginação do inconsciente durante nosso período de sono. Para Freud, os sonhos noturnos são gerados, na busca pela realização de um desejo reprimido. Recentemente, descobriu-se que até os bebês no útero têm sono REM (movimentos rápidos dos olhos) e sonham, mas não se sabe com o quê. Em diversas tradições culturais e religiosas, o sonho aparece revestido de poderes premonitórios ou até mesmo de uma expansão da consciência.

Para a psicanálise o sonho é o “espaço para realizar desejos inconscientes reprimidos”. O pesquisador James Allan Hobson considerou “os sonhos como um mero subproduto da atividade cerebral noturna”. Existem duas fases do sono. A primeira é o sono de ondas lentas, em que a atividade do cérebro é baixo e, por isso, não se formam filmes em nossa mente, apenas pensamentos mais ou menos normais que passam em uma espécie de tela escura, em imagens. Já a segunda fase, é considerada de alta atividade, é chamada REM – sigla em inglês, para movimento rápido dos olhos. E é durante a fase do REM que os sonhos ocorrem, pelo menos nos adultos.

O estudo dos sonhos é chamado oneirologia, e é um campo de investigação que abrange a neurociência e a psicologia. Ainda assim, as razões pelas quais sonhamos ainda são misteriosas. Mas isso não impediu que os cientistas elaborassem algumas hipóteses bastante fascinantes.

Porque sonhamos ?

Porque sonhamos? Há muito que os cientistas e investigadores se perguntam o porquê do sonho. Se olharmos para o passado, temos respostas a este mistério, como é o exemplo da resposta de Sigmund Freud. Este afirma que os sonhos realizam os nossos desejos na vida real, sendo que os sonhos são resultado do movimento rápido dos olhos durante o sono.

De acordo com a neurociência, não há resposta conclusiva para a pergunta, mas há indícios que nos ajudam a entender os sonhos. De acordo com os especialistas, os sonhos “recrutam memórias novas e velhas em uma ordem que não é sequer parecida com a que elas foram adquiridas”.

Quando a nossa cabeça está sobre a almofada e desta forma, nós a dormir, os nossos olhos estão claramente fechados e praticamente todo o nosso corpo está adormecido. No entanto grandes partes das nossas células cerebrais estão bastante bem acordadas, gerando energia suficiente para produzir os sonhos.

Porque é que algumas pessoas têm pesadelos, enquanto outras têm sonhos felizes? Há muito ainda por descobrir, ainda assim há situações que já conseguem ter uma possível resposta.

Mas qual é a serventia de sonhar? Os neurocientistas são taxativos: “ninguém sabe”. Pode ser que sirvam para ensaiar memórias, como os ensaios do teatro, ou para auxiliar na consolidação de memórias.

10 terias que tentam explicar o porque sonhamos

Realização de desejos

Um dos primeiros esforços sustentados para estudar cientificamente os sonhos foi liderado pelo psicanalista Sigmund Freud, no início do século XX. Após analisar os sonhos de centenas de seus pacientes, ele veio com uma teoria: os sonhos são realizações de desejos.

Um efeito colateral acidental de impulsos neurais aleatórios

A ideia de Freud sobre os sonhos é profundamente significativa. Eles podem revelar desejos e emoções que você não sabia que você tinha. Mas outra escola popular de pensamento sustenta que os sonhos são realmente apenas um efeito colateral acidental de circuitos ativados no tronco cerebral e estimulados pelo sistema límbico, que está envolvido com as emoções, sensações e memórias. J. Allan Hobson, o psiquiatra que popularizou esta ideia, sugeriu que o cérebro tenta interpretar estes sinais aleatórios, resultando em sonhos.

Codificação de memórias de curto prazo para o armazenamento a longo prazo

Talvez os sonhos sejam apenas histórias geradas aleatoriamente causadas por impulsos neurais, mas talvez também exista uma razão para eles. Para explorar essa ideia, o psiquiatra Jie Zhang propôs a teoria de que nossos cérebros estão sempre armazenando memórias independentemente se estamos acordados ou não. Mas os sonhos são uma espécie de área de “armazenamento temporário” da consciência, um local onde o cérebro guarda memórias antes de transformá-las de curto prazo para o armazenamento de longo prazo. Elas piscam através de nossas mentes resultando em sonhos, antes de serem arquivadas no cérebro.

A coleta de lixo

Essa ideia sugere que sonhamos para nos livrarmos de ligações e associações indesejáveis que se acumulam em nosso cérebro ao longo do dia. Basicamente, os sonhos são mecanismos de coleta de lixo, limpando nossas mentes de pensamentos inúteis e abrindo caminho para melhores. Essencialmente, sonhamos para esquecer. Os sonhos nos ajudam a eliminar a sobrecarga de informações da vida diária e mantém apenas os dados mais importantes.

Consolidar o que aprendemos

Esta teoria sugere que sonhamos para nos lembrar, em vez de esquecer. Ela é baseada em uma série de estudos que mostram que as pessoas se lembram o que aprenderam melhor se elas sonham depois de aprender. Como a teoria de Zhang sobre o armazenamento da memória de longo prazo, esta teoria sugere que os sonhos nos ajudam a reter o que aprendemos.

Uma consequência evolutiva do mecanismo de defesa ”fingir de morto”

Com base em estudos que revelaram fortes semelhanças entre os animais que se fingem de mortos e as pessoas que estão sonhando, esta teoria sugere que o sonho pode estar relacionado com um antigo mecanismo de defesa: a imobilidade tônica, ou se fingir de morto. Quando você sonha, seu cérebro se comporta da mesma forma quando você está acordado, com uma diferença crucial: produtos químicos como a dopamina associados com o movimento e ativação do corpo são completamente desligados. Isto é semelhante ao que acontece com os animais que sofrem paralisia temporária para enganar seus inimigos, os fazendo pensar que eles já morreram.

Simulação de ameaça

A teoria anterior se encaixa muito bem com uma outra teoria evolutiva dos sonhos, desenvolvida pelo filósofo-neurocientista Antti Revonusuo, na Finlândia. Ele sugere que “a função biológica dos sonhos é simular eventos de risco, para então ensaiar a percepção de ameaça e evitá-la.” As pessoas que têm esses tipos de sonhos são mais capazes de enfrentar as ameaças na vida real porque elas já se prepararam através destas simulações noturnas.

Resolução de problemas

A pesquisadora médica Deirdre Barrett sugere que os sonhos são uma espécie de teatro onde somos capazes de resolver problemas de forma mais eficaz do que quando estamos acordados – em parte porque a mente quando está sonhando faz ligações mais rapidamente do que quando está acordada.

Seleção natural

Segundo o psicólogo Mark Blechner, os sonhos produzem “mutações de pensamento.” Nossa mente pode então selecionar estas mutações e variações para produzir novos tipos de pensamento, imaginação, auto-consciência, e outras funções psíquicas. Basicamente, os sonhos são a seleção natural de ideias. Isto pode estender-se ao nível das emoções, também.

Processamento de emoções dolorosas com associações simbólicas

Enquanto o modelo darwiniano dos sonhos sugere que estamos sempre transformando nossas idéias, ou eliminando as emoções inadequadas, um novo modelo de sonhos sugere que o processo soa mais como uma terapia do que uma evolução. Nós não estamos selecionando ideias mais adaptativas ou emocionantes – estamos apenas pegando essas ideias e emoções e colocando-as em um contexto psicológico mais amplo. Muitas vezes, o cérebro faz isso associando uma emoção a um símbolo.

10 curiosidades que deve saber sobre os sonhos

  1. As pessoas em coma sonham? Segundo Luciano Ribeiro Pinto, neurologista da Associação Brasileira do Sono, ainda não existe estudo comprovando que isso realmente aconteça. Segundo o médico, no estado de coma ocorre um comprometimento do cérebro, portanto o indivíduo não tem um sono que passa pelas fases normais, incluindo a fase REM, período em que ocorrem os sonhos. Para saber se a pessoa em coma sonha, seria preciso que o doente tomasse consciência e verbalizasse o sonho aos médicos, diz Ribeiro Pinto.
  2. Por que muitas vezes não lembramos dos sonhos? Muitas pessoas se lembram de quase todos os seus sonhos, porém esquecê-los não é motivo de preocupação. De acordo com o neurologista Luciano Ribeiro Pinto, qualquer um pode conseguir lembrar seus sonhos. “É uma questão de hábito. Para recordar é preciso ter tempo de passar o que sonhamos para a memória, por isso precisamos permanecer um pouco acordados após o sonho, para que os pensamentos sejam registrados”, explica. Portanto quando acordamos e lembramos de um sonho, mas logo após voltamos a dormir, podemos rapidamente esquecê-lo. Outra situação que facilita a lembrança é quando o sonho tem um forte conteúdo emocional, que seja de tal forma impactante que não consigamos esquecê-lo.
  3. É possível controlar os sonhos? No filme A Origem, o personagem de Leonardo DiCaprio era capaz de controlar os sonhos. E, por incrível que pareça, isso não é apenas coisa de cinema e pode acontecer na vida real. Segundo o neurologista Luciano Ribeiro Pinto, existem algumas maneiras para aumentar esse controle. Exercitar a concentração, meditar sobre um tema e ter atenção antes de dormir são algumas das melhores maneiras. Ele ainda destaca que esses métodos são bastante usados na terapia comportamental para pessoas que sofrem com pesadelos. Os pacientes utilizam as técnicas para poder identificar quando estão tendo pesadelos, para que possam tomar controle da situação e assim amenizar o sonho ruim.
  4. Por que temos pesadelos? O pesadelo tem diversas causas. Eles podem ter origem em efeitos psicológicos, em causas médicas e também por estresse pós-traumático. O neurologista Luciano Ribeiro Pinto explica que alguns medicamentos podem trazer pesadelos como efeitos colaterais. Distúrbios do sono, como ronco e apneia, em que a pessoa para de respirar, podem causar pesadelos com sensação de sufocamento. Experiências muito ruins, como um acidente traumático, podem levar o indivíduo a reviver essa experiência nos sonhos.
  5. Por que sonhamos com as coisas que acontecem durante o dia? Segundo o médico especialista no sono Denis Martinez, os sonhos são expressões da memória. Uma das teorias que existem é que seria feita uma seleção, em que as coisas mais importantes são armazenadas e as mais irrelevantes são esquecidas. Por serem uma continuidade do nosso dia, as lembranças surgem de maneira aleatória, por isso, normalmente, aparecem de forma confusa.
  6. O sonho tem significado? Aquela história que cada objeto tem um sentido único não existe, diz Luis Flávio Couto, professor de psicanálise da PUC-Minas. “A ideia de interpretação dos sonhos é algo mais folclórico, pois os acontecimentos não têm um significado oculto, eles são bem claros”, diz. Couto explica que as mensagens dos sonhos são de cada um para si mesmo, então cabe à própria pessoa interpretar o que significam. “Eles não têm um significado universal, a apresentação dele já é uma forma de o sujeito se explicar para si mesmo”, afirma o psicanalista.
  7. Todas as pessoas sonham colorido? E os cegos sonham? Muitas pessoas sonham em preto e branco, mas não sabem o motivo. Segundo o neurologista Luciano Ribeiro Pinto, isso é uma característica individual. Existem pessoas que sonham mais em preto e branco, enquanto que outros têm sonhos predominantemente coloridos. Os cegos não têm o componente visual, portanto seus sonhos serão mais ricos em sensações auditivas e táteis. Assim como no caso do ser humano, que quando está na fase REM, mexem os olhos, outros animais, quando estão na mesma fase, costumam movimentar o focinho, que é por onde tem o seu sentido mais aguçado, o cheiro. O médico também explica que os indivíduos que ficaram cegos ao longo da vida também perdem, junto com a visão, a possibilidade de sonhar por meio de imagens.
  8. Há temas comuns entre os sonhos? Existem temas comuns como família, amigos e sexualidade. Mas de acordo com o neurologista Luciano Ribeiro Pinto, é difícil precisar um padrão. “Os sonhos que temos durante a fase REM são pensamentos diversos, memórias que surgem aleatoriamente. Sentimentos, como ansiedade e nervosismo também podem também ser fatores que influenciam”, afirma.
  9. Nós sonhamos apenas com pessoas que conhecemos? Sabe aquele sonho estranho que você teve com alguém que você mal conhece? Ele pode acontecer. O neurologista Luciano Ribeiro Pinto explica que, quando dormimos, os nossos pensamentos são uma continuidade dos fatos do dia, portanto qualquer coisa que vimos pode aparecer. Mesmo se você cruzou com um total estranho na rua, mas ele ficou gravado na sua memória, ele pode estar no seu sonho. “Os sonhos são muito criativos, portanto qualquer acontecimento do nosso dia pode se manifestar”, explica Ribeiro.
  10. Quanto tempo sonhamos por noite? O neurologista Luciano Ribeiro Pinto explica que o sonho acontece na fase REM (Rapid Eye Movement), período que corresponde de 20% a 25% do período que estamos dormindo. Portanto, se descansarmos aproximadamente 8 horas diárias, permanecemos nessa fase entre um hora e meia e duas horas. Esse momento é caracterizado pelo movimento rápido dos olhos e pela atividade cerebral ser semelhante à de quando estamos acordados.

Podem ainda assistir o seguinte vídeo que tenta explicar na primeira pessoa, o porquê de sonhar-mos.

https://youtu.be/gV30tbVwy64

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